Desde 4 de maio de 2019 Lilith está transitando pelo signo de Peixes, onde ficará até 27 de janeiro de 2020. Mas o que isso significa na prática? Quais energias estão disponíveis para nós, de forma individual ou coletiva, neste período?
Para saber com mais detalhes como esse posicionamento afeta a sua Carta Natal, é preciso ver em que Casa o signo de Peixes aparece. E quais planetas do seu posicionamento natal farão aspectos com Lilith nesse período. Lembrando que, por ser um ponto calculado, ela não emite aspectos, apenas os recebe.
De qualquer forma, é bom lembrar que Lilith no elemento Água traz a fluidez incessante como característica. Neste elemento, a Lua Negra pode mobilizar sentimentos viscerais e profundos, formas variadas de compulsão/pulsão e relações bastante complexas.
Direto ao fundo do poço

Quando posicionada nos signos de Água, Lilith lida com emoções de forma direta. Em Peixes, isso pode tanto significar a entrega absoluta ao emocional, quanto a fuga pelo sonho ou outras formas de escapismo. Em cada um de nós, essas tendências podem se expressar mais fortemente nas áreas da vida – ou Casas do Mapa Natal – por onde ela está transitando[1].
No último signo do Zodíaco, Lilith confere hermetismo, um certo mistério emocional. Às vezes, pode ser difícil para o indivíduo com esse posicionamento dissociar o que é fantasia e o que é realidade. Por isso, pode surgir o medo de ser tachado de doido, e a pessoa tentará não se entregar a essa tendência, super racionalizando as coisas.
Buscando disciplina para organizar o caos interior, especialmente por meio do mágico e do místico, pode haver grande insatisfação com as questões espirituais, um questionamento constante da espiritualidade. A sombra aqui é a confiança, pois sente medo dessa vulnerabilidade e se preocupa com a estabilidade de suas emoções.
Cura, arte e loucura
Assim, não é incomum que haja uma inclinação hiponcondríaca, a partir do extremo medo de se ferir e de se tornar vítima dos outros. Essa dificuldade de confiar em si mesma e nos outros, pode criar crises emocionais em relação à intimidade. E uma consequente falta de equilíbrio pode surgir: ou a pessoa não se entrega, ou se entrega absolutamente.
E isso não vale apenas para relacionamentos, mas também para vícios, pulsões, manias. É como se um contato constante com a loucura, sua e dos demais, fosse requerido. O mundo da ilusão, do ritmo, da cor e das luzes precisa ser liberado, especialmente por meio da vocação.

Caso essa tendência seja negada ou reprimida, pode encorajar a desorientação e uma ingenuidade extrema, especialmente em relação à vida e ao amor. Nesse caso, a natureza emocional será indisciplinada e daí surgem os amores impossíveis, as tragédias amorosas, o masoquismo, a infidelidade, entre outras possibilidades de sofrimento e angústia.
As possibilidades criativas são bastante grandes, com muito talento envolvido, mas a própria pessoa pode impedir a realização dos seus próprios sonhos. Compaixão e gentileza são traços comuns também, que podem levar a expressão dessa energia criativa a formas artísticas e curativas requintadas.
Músicos, terapeutas espirituais e holísticos, psiquiatras, enfermeiras são algumas das possibilidades vocacionais para quem tem esse posicionamento. Há a necessidade de trabalhar a energia por meio da produção imagética – seja por meio do cinema, fotografia, arte, dança – ou pela percepção sonora – música, técnicas de audição, escuta atenta, psiquismo, etc.
Essa conexão com o mundo interior revela uma capacidade aguda de traduzir em palavras aquilo que, para os outros, não tem explicação. Há uma sensibilidade para os aspectos mais intangíveis e delicados da vida, o que pode trazer também algum grau de introversão.

Ampliação da consciência
No dia em que ingressou em Peixes, Lilith recebeu um sextil de Urano e da Lua, ambos em Touro. De forma coletiva, isso pode sugerir que há uma oportunidade para exercermos a originalidade de pensamento e sentimentos, ampliando nossa consciência de nossos processos internos, inclusive.
Excentricidade, audácia e rompimentos de limites podem ocorrer, com suas consequências imprevisíveis, como sempre sugere Urano. Porém, se aceitarmos nossa própria singularidade, o processo pode ser facilitado.
Em um nível arquetípico mais profundo, é como se estivéssemos, enquanto coletivo, aprendendo a relacionarmo-nos com a nossa mãe, com boa vontade. Isso pode ser lido como uma oportunidade de aprendermos a estruturar os arquétipos do feminino de uma forma mais original e singular.
Quem sabe não é este o momento de desenvolver um novo tipo de relação com a mãe natureza? Talvez isso possa ser transposto para a questão ambiental, e possamos ter uma relação modificada com Gaia, o planeta Terra, mãe de toda a vida que aqui existe.

Ou, por outro lado, possamos ter novas formas de relacionamento com o feminino e com o maternal que habita em cada um de nós. Ao invés da necessidade de controle e da demanda constante por amor, típicos da Mãe Terrível, talvez seja esse o momento de desenvolvermos a compaixão e o cuidado com os outros, de forma realmente empática.
Fim das ilusões
Ampliar a consciência, contudo, não significa cairmos no mundo da auto-ilusão e do autoengano como forma de escaparmos de um mundo que percebemos como cruel. Como destaca Delphine Jay, “a energia lilithiana se manifesta de forma positiva somente como uma força impessoal distinta” (2010, p.49), isto é, para além das considerações por si mesmo.
Com a energia bloqueada em níveis egoístas, emocionais e materialistas, Lilith aqui nega a gratificação; mas com a objetividade de prestação de serviço, das artes, ou da mente, Lilith [em Peixes] é uma significadora de grande talento (Jay, 2010, p.49).
A imaginação infinita e a preocupação secreta com o idealismo e o amor que Lilith em Peixes traz precisa ser direcionada para algum tipo de produção criativa. De outra forma, poderá trazer um sem número de desilusões e a recusa em ver as coisas como elas realmente são, levando o coletivo a perder-se em sonhos utópicos.
Eles preferirão o conforto silencioso de uma segurança imaginada do que colocar um fim a uma óbvia decepção ou uma situação instável da qual eles tomam uma injusta vantagem e para a qual os outros usualmente os alertaram. (…) Eles podem deixar de lado um problema por um tempo simplesmente por não acreditarem que seja um problema, para proteger suas ilusões (Jay, 2010, p.50).
Céu tenso pede objetividade
Nesse caso específico, no momento em que Lilith entrou em Peixes, havia também no céu um T-square – oposição mais quadratura – entre Netuno, domiciliado em Peixes e ocupando a casa dos valores e dos recursos; Marte em Gêmeos, na casa da autoexpressão criativa; e Júpiter, domiciliado em Sagitário na casa do coletivo.

Sendo os dispositores de Peixes, Júpiter e Netuno colaboram para a interpretação do trânsito dela por este signo. Os aspectos tensos entre ambos, e também com Marte, nos alertam para a necessidade de olhar para os diferentes lados de uma questão com objetividade, a fim de identificar as situações ilusórias ou insustentáveis no longo prazo. E isto especialmente nas comunicações que mobilizem os valores do coletivo. Em outras palavras, na Opinião Pública.
Fanatismo religioso e ideológico no âmbito coletivo e dos grupos sociais; desilusões e enganos como valores que moldam nossa confiança – pessoal e nos outros; iniciativa e assertividade na área das comunicações e das interações sociais são tendências que podem matizar a passagem de Lilith por Peixes.
Resta a cada um lidar de forma madura e objetiva com tudo isso, tanto em relação ao coletivo, quanto à própria Carta Natal. O potencial está aí. O que vamos fazer com essas energias, só depende de nós mesmos.
Referências:
JAY, Delphine Gloria. Interpreting Lilith. Tempe/AZ: American Federation of Astrologers, 2010.
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8 respostas para “Mergulhando em nossas emoções com Lilith em Peixes”