A primeira lunação – isto é, Lua Nova, ou conjunção entre Lua e Sol – depois dos eclipses de julho aconteceu na última quinta-feira, dia 1º de agosto. No momento em que Lua e Sol se encontraram em Leão, também estavam neste signo Vênus e Marte. Vênus estava conjunta com Lua e Sol e os três astros exibiam um belo trígono com Quíron, que está em Áries desde fevereiro, pela primeira vez desde sua descoberta em 1977.
Em termos simples: é hora de brilhar, de aproveitar a coragem e a força interna para rever nossas dores, para nos reconectarmos conosco mesmos, para relembrarmos quem realmente somos e o que é realmente importante para o nosso coração. Leão é o signo da coragem, do coração, da generosidade, do brilho, do amor, da lealdade.

Como se não bastasse isso, Lua e Sol em conjunção com Vênus indicam que a busca pelo prazer, o desejo pelo amor, os afetos e as relações estão em um momento de importância em nossas vidas, a depender do setor em que esses aspectos estão caindo no mapa de cada um de nós.
O trígono com Quíron traz o fogo ariano como ingrediente para a cura: força e ousadia de fazer algo que nunca fizemos, de buscar a individualidade e quem sabe, curar as dores que nos afligem exatamente aí. Em tempos de redes sociais e do fim das curtidas no Instagram, talvez seja essa a mensagem do centauro-professor: valemos pelo que os outros pensam de nós? Ou somos quem devemos ser, em busca do que queremos realizar? Temos coragem, enfim, de seguir os desejos do nosso coração?
Desconforto à vista
O céu também está nos oferecendo mais um aspecto importante nesta semana de exaltação do Sol e da nossa consciência interna: Urano em Touro está em quadradura com Vênus, e, portanto, também quadrado com a conjunção entre Lua-Sol. Sua posição no fixo signo de Touro não lhe deixa confortável, assim como também não ficam Lua-Sol com tanta eletricidade.

É interessante perceber que a energia uraniana pode servir para revermos e revalidarmos o nosso caminho venusiano, aquele que nos fala diretamente ao coração. Fatos inusitados podem levar a mudanças profundas. Imprevisibilidade, angústia, ansiedade podem estar presentes, porque estamos sentindo a mudança e isso pode mesmo trazer desconforto.
De qualquer forma, é um período rico para nos prover perspectiva e compreensão sobre nós mesmos e nossas relações com os outros. Segundo Reinhart, Urano pode variar da distância mental segura dos fatos à experiência emocional profunda dos mesmos. Simbolizando o começo do processo, a ruptura com o mundo cotidiano, ou a iluminação mental, o planeta excêntrico pode trazer descobertas inimaginadas.
Desconfortáveis? Um pouco. Mas certamente iluminadoras.

A mensagem dos céus durante todo o ano de 2019, aliás, está sendo sentida por meio do desconforto. Nossas certezas, nossas raízes, nossos apegos, nossas ideias fixas estão sendo remexidas. A lunação em Leão é mais uma oportunidade de rever o que precisamos rever a fim de nos prepararmos para mudanças estruturais que estão no horizonte para 2020, com a grande conjunção de Saturno, Plutão, Marte e Júpiter em Capricórnio.
Gratificação para quem?
Como ressalta Melanie Reinhart, a jornada de Quíron não busca gratificação ou orgulho para o ego, e por isso mesmo demanda tanta coragem, porque trata da jornada interna do herói, aquele que não necessariamente conseguirá reconhecimento externo. Não há vaidade em reconhecer as próprias falhas, dores e vulnerabilidades. Muitas vezes, ocorre o contrário disso: culpa e vergonha.
O herói que tiver suficiente coragem para seguir adiante e buscar as mudanças necessárias, contudo, se sentirá recompensado internamente, ao conseguir se reconectar com o próprio centro, com o Self, seguindo os termos Junguianos. Ou com o propósito de sua própria consciência.

Em outros termos: estamos diante da oportunidade de resgatarmos o nosso caminho de guerreiros. Reinhart lembra que os trânsitos de Quíron representam um período onde aquilo que previamente reprimimos, retorna à consciência (2009, p.309). O contato de Quíron com outro planeta pode ser o início do processo de cura, ou de formação do diamante interno.
Assim, auxiliando Lua-Sol e Vênus em suas jornadas por Leão, Quíron em Áries pode trazer o impulso necessário para olharmos para nós, sem a necessidade de gratificarmos o nosso ego com orgulho e soberba, que compõem a sombra leonina.
Ao invés disso, pode significar uma possibilidade de que tenhamos consciência da nossa autoridade internalizada, que é socialmente responsável e consciente dos limites da mortalidade humana, comprometida com o crescimento individual e o serviço aos outros (Reinhart, 2009, p.61).

Um verdadeiro Rei, portanto, a serviço daqueles a quem protege e de quem cuida.
Referências
REINHART, Melanie. Chiron and the Healing Journey. An Astrological and Psychological Perspective. London: Starwalker Press, 2009.