Tempo de revisão: planetas recuam para que possamos rever a vida

A segunda semana de maio está repleta de reviravoltas celestes. Depois de Plutão, o mais lento de todos, iniciar sua retrogradação no dia 26 de abril, Saturno, Vênus e Júpiter começam a andar para trás nessa semana, nos dias 11, 13 e 14 de maio, respectivamente. Isso significa, muito resumidamente, que começamos uma fase propícia para reformulações em várias áreas da vida.

O processo de retrogradação dos planetas é algo bastante comum – apenas Lua e Sol, astrologicamente, nunca se retrogradam – e significa que, da perspectiva terrestre, eles parecem estar se movendo para trás nesse período.

Obviamente, sabemos que os planetas se movem sempre na mesma direção em suas órbitas em torno do Sol. Ocorre que nosso ponto de vista interno ao Sistema Solar faz com que tenhamos a ilusão de ótica, em certos períodos, de que eles pararam e deram marcha a ré. Ou seja, somos nós, seres terrestres, que temos a impressão de que os planetas mudaram de direção.

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Olhas para trás pode ser necessário para reconstruir o futuro. Photo by Hunter James on Unsplash

Simbolicamente, os períodos de retrogradação significam que os assuntos regidos por aquele planeta, ou as funções psíquicas daquele arquétipo nos termos da Astrologia Psicológica, podem sofrer revisões, reformulações, reestruturações. É um período, portanto, de oportunidades para rever, olhar novamente as questões não resolvidas.

Lentidão e isolamento

Nada mais adequado a um período de quarentena e isolamento social como o que estamos vivendo do que tempo para revisar, reformular, rever problemas e dificuldades. Afinal, o tempo que normalmente não sobra em nossas rotinas, pode ser aproveitado agora para esse movimento reflexivo.

Muitos de nós seguimos trabalhando como se nada estivesse acontecendo em nosso país e no mundo. Mães e pais acumulam funções extras no gerenciamento dos filhos fora das escolas enquanto tentam realizar as tarefas domésticas e permanecer trabalhando de casa. Isso significa que para muitos, o ritmo das atividades cotidianas pode estar mais intenso do que o normal.

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Malabarismo virou atividade cotidiana para muitas famílias durante o período de isolamento. Photo by Charles Deluvio on Unsplash

De qualquer forma, nostalgia, recolhimento, ressentimento, raiva e melancolia podem ser percebidas nas conversas, nos encontros e declarações públicas e até mesmo nas atitudes daqueles que se recusam a parar com suas atividades fora de casa.

É interessante perceber que o movimento celeste nos indica, de forma intensa nesse momento, a necessidade de diminuir o ritmo. Muito já foi dito a respeito da diminuição do trânsito, dos crimes, dos ruídos das cidades, da poluição e de outras condições da urbanidade às quais já nos acostumamos. Parece que estamos todos na marcha a ré.

Reformulação estrutural

Plutão e Júpiter retrógrados em Capricórnio demonstram que os assuntos relacionados à autoridade, às estruturas sociais e políticas, assim como as questões econômicas e materiais, precisam continuar sob escrutínio. As situações que não foram resolvidas em janeiro e fevereiro, muito provavelmente, retornarão à baila para que se encontrem as soluções.

A transformação está em pleno curso e o movimento sincronizado para trás de Zeus (Júpiter) e Hades (Plutão) revela a estratégia de recuo dos irmãos, provavelmente para que tenhamos tempo de realizar todas as alterações necessárias em nossas estruturas antes do rompimento total da barragem.

Cronos (Saturno) se junta aos seus filhos, retrocedendo dos primeiros graus de Aquário, onde se encontra desde o final de março, e retornando a Capricórnio no dia 2 de julho, para permanecer por lá até dezembro. A revisão das estruturas pode ser intensificada no segundo semestre, portanto.

Interessante também notar que os três planetas retomam seus movimentos diretos em um período de 20 dias a partir de 13 de setembro, quando Júpiter fica novamente direto. É como se eles voltassem à casa semidestruída pelo incêndio de janeiro para recolher o que ficou para trás e, a partir daí, pudessem seguir para a sua nova morada aquariana.

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O que sobrou da nossa antiga morada? Photo by Jen Theodore on Unsplash

Reformar ou reconstruir?

Sabendo desse movimento celeste sincronizado, o mais prudente seria tentarmos nos conectar a ele e realizar a revisão das situações, ações, atividades, relações e contextos de vida que estejam à beira do colapso agora. Talvez não seja possível reformar a casa, e o mais adequado seja derrubá-la para reconstruí-la e aproveitar para vender alguns materiais nas lojas de reconstrução.

Porém, é possível que algo dela possa ser aproveitado. Depende de quanto estrago já foi feito pelos eventos que estamos vivenciando desde 2019 e como a estrutura se manteve nesse período.

Isso diz muito da nossa capacidade de reconstrução interna nesse momento. Saturno retorna a Capricórnio para checar o que sobrou e o que o pode ser aproveitado da casa atingida pelo incêndio das conjunções dele e de Júpiter com Plutão. Será que vale a pena manter algo dessa estrutura? Ou ela pode ruir em poucos anos?

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O que podemos recuperar da antiga construção? Photo by Annie Gray on Unsplash

A área da vida na qual a reforma será necessária dependerá da Carta Natal de cada um de nós, e da Casa onde esses planetas estejam atuando e promovendo essa revisão estrutural.

No mapa da retrogradação de Saturno para Brasília, o foco é a Casa XI, dos coletivos, dos grupos sociais, das atividades sociais e políticas, da ação pública. É provável que estejamos todos prestando atenção nesses movimentos, com muita discussão e debate sobre o retorno às atividades coletivas nos próximos meses. Assim como a crítica, por vezes emocional, às autoridades políticas e econômicas por suas ações.

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Consciência individual?

A presença do Sol e de Mercúrio em Touro trazem uma consciência pragmática, uma lógica bastante prática para o momento. Estamos todos tentando cuidar de nossas vidas, manter nosso sustento e nossa saúde, basicamente. O trígono deles com Saturno pode nos ajudar a buscar as soluções possíveis para os dilemas cotidianos que o período nos apresenta.

Sofrimento individual e novas formas de encarar nossas dores podem surgir como recursos importantes para enfrentar os dilemas da pandemia. Quíron segue seu caminho por Áries, indicando o nosso sentimento de desempoderamento individual. Estamos nos sentindo fracos, indefesos perante uma ameaça mortal cujo resultado independe, em boa parte, de nossas ações isoladas, mas se conecta fortemente à ação do coletivo.

Empatia, compaixão e sensibilidade também podem ter espaço, ainda que desilusões e uma boa dose de fantasia também possam aparecer.  A presença de Netuno em Peixes na Casa I mostra ainda que talvez seja um momento importante para as expressões artísticas como forma de buscarmos nossa identidade. Quem somos? O que queremos? Como nós mesmos nos enxergamos? Como nos apresentamos ao mundo? O período pode ser interessante para essas considerações.

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Somos os artistas de nós mesmos? Photo by Pierrick VAN-TROOST on Unsplash

Será necessário um pouco de cuidado, entretanto, para que a agressividade não se volte contra nós mesmos. Assertividade, iniciativa, capacidade de ação e raiva que não forem canalizados de forma original e criativa podem gerar uma violência direcionada internamente. Mirar em bodes expiatórios para projetar nossa impotência e frustração pode se voltar contra nós, resumidamente.

Sensibilidade ou ilusão?

Em um cenário aparentemente tão adverso, existe alguma esperança celeste que possa nos consolar neste momento? Sim, e ela vem dos planetas pessoais, aqueles mais rápidos e que circulam mais próximos da Terra.

Mercúrio ingressa em Gêmeos no dia 11 de maio, contribuindo para a aceleração do pensamento e das formas de comunicação. É um bom momento para acessar novas informações, para pensar em novas formas de comunicar e compartilhar com os outros aquilo que sabemos.

Obviamente, Mercúrio domiciliado em Gêmeos pode nos deixar mais propensos a tentar engambelar os outros para levarmos vantagem. Mentiras, decepções, fake news, enrolações, tentativas de persuasão mais ou menos éticas podem proliferar nesse período.

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Derrapar em falsas mensagens e informações tendenciosas é sempre um risco. Photo by Andy Grizzell on Unsplash

Marte ingressa em Peixes no dia 14, derrapando nas profundas águas piscianas e sendo obrigado a olhar para os lados a fim de perceber os outros. Empatia e sensibilidade nas ações podem diminuir a agressividade e a impulsividade marcianas, mas adicionam confusão e possibilidade de desentendimentos e mágoas nos relacionamentos.

O ponto aqui é que o resultado pode ser bastante proveitoso para o coletivo e para nós mesmos, se soubermos aproveitar o potencial comunicativo e lógico de Mercúrio para compartilhar empatia e sensibilidade por meio de nossas ações.

Amor à Comunicação

Vênus, que também está em Gêmeos, inicia seu movimento de retrogradação no 13 de maio. Valores e recursos poderão ser analisados e percebidos com mais intensidade nesse período. A lógica, o intelecto, o acesso à informação e às novas ferramentas de comunicação, especialmente para a manutenção dos nossos relacionamentos, podem ser enfatizados.

Nesse sentido, Vênus pode nos ajudar a ver o que realmente valorizamos em nossas vidas, o que é realmente essencial e o que é acessório. Pode nos revelar as futilidades das quais temos dificuldades de abrir mão. Pode nos mostrar o quanto sentimos falta do contato social, das festas, dos encontros com os amigos e da mesa de bar.

O movimento de Vênus para trás, até o dia 25 de junho, pode nos dar tempo para aproveitar as pequenas chances de prazer que o cotidiano nos oferece. E também pode nos levar a expressar nossa afetividade de forma verbal, por meio da comunicação.

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O que estamos compartilhando nos faz bem? Photo by You X Ventures on Unsplash

Uma outra possibilidade é que possamos rever aquilo que estamos ingerindo, analisando de forma racional os efeitos de nossa alimentação sobre nossa vida. Que tipo de informação consumimos? Que tipo de relacionamentos estabelecemos? Como nos comunicamos com aqueles que amamos? São questões que podem surgir nesse período.

Em outros termos, o céu de maio parece nos apontar a necessidade de reflexão sobre nossas próprias motivações, estruturas, repetições, pulsões, não apenas como indivíduos, mas também como integrantes de uma comunidade. Estamos em um tempo de reestruturação social, de reformulação daquilo que não está dando certo coletivamente.

Que também saibamos aproveitar com sabedoria essas lições cósmicas para a nossa reforma interna, emocional e psicológica.

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