Lilith em Gêmeos traz a necessidade de diálogo sobre necessidades e desejos

A transição de Lilith para o signo de Gêmeos está sendo anunciada há algumas semanas, com uma série de diálogos, embates verbais e revelações de conversas telefônicas e negociações escusas sendo feitas no plano político desde o mês de junho. Oficialmente, a Lua Negra chega ao terceiro signo do zodíaco no dia 18 de julho, às 5h30 da manhã, no horário de Brasília.

Nos signos de AR – Gêmeos, Libra e Aquário – Lilith demonstra que há excesso ou falta do OUTRO, isto é, pode buscar relacionamentos que nem sempre são equilibrados. Nesse sentido, quem tem esses posicionamentos precisa entender sua relação visceral com o outro, muitas vezes de uma forma intelectual, lógica e objetiva.

Estar em relação com os outros é uma necessidade visceral para quem tem Lilith em Gêmeos, um signo de AR.
Photo by ian dooley on Unsplash

Para algumas pessoas, isso pode se traduzir em frieza emocional e uma certa falta de limite intelectual, com excesso de racionalizações sobre os relacionamentos ou, ao contrário, extrema dificuldade de compreensão objetiva das motivações próprias e alheias.

Em Gêmeos, Lilith revela falta ou excesso de comunicação. Quem tem esse posicionamento pode ser falante demais ou extremamente quieto. Ou ainda, a mudar de comportamento a depender do momento e da situação. Pode haver uma sensação de falar demais ou de menos, de não controlar a própria expressão verbal, calando quando deveria falar e falando quando deveria se calar.

Ambivalência e inconstância

Conhecido pelas características de agilidade mental, curiosidade e volubilidade, Gêmeos simboliza uma ambivalência essencial ao humano: somos seres físicos e mentais, corporais e psíquicos, conscientes e, ao mesmo tempo, inconscientes. A temática do duplo e da dualidade está na própria representação visual e mitológica de Gêmeos, por meio dos irmãos Castor e Pollux, que dão nomes às estrelas.

Os dois irmãos – um deles mortal e o outro imortal – são uma bela metáfora para a vida humana em suas dimensões materiais e terrenas, portanto mortal, e espirituais e mentais, que nos trazem uma possibilidade de continuidade para além da morte do corpo físico.

Os dilemas de ter outro igual a nós, porém diferente, são representados pela dualidade de Gêmeos.
Photo by Sharon McCutcheon on Unsplash

Inseparáveis, os gêmeos mitológicos mostram que além das relações que estabelecemos com os outros, nossos irmãos, temos uma constante e eterna relação interna a estabelecer entre nossos aspectos luminosos e sombrios, conscientes e inconscientes. Essa constante batalha entre Ego e Sombra, para usar a terminologia Junguiana, é o que traz a ambiguidade, aquilo que consideramos inconsistente e volúvel em nós mesmos.

Fascinação interna

Segundo Gravelaine, Lilith em Gêmeos fala exatamente dessa ambivalência, desse questionamento constante que realizamos sobre nossa própria personalidade ou, nas palavras da autora, a “fascinação sobre as origens da nossa própria identidade” (Gravelaine, 1985, p.137).

Assim, Lilith em Gêmeos permite a “mirada no espelho” ou a nossa capacidade de reflexão sobre esse outro que nos habita. O perigo é que essa relação seja tão demandante e tão interessante que impeça o estabelecimento dos outros relacionamentos ao longo da vida. Como no mito de Narciso, podemos nos apaixonar por nossa própria imagem.

Não por acaso, a literatura e a produção audiovisual já exploraram à exaustão o tema do duplo interno e a fascinação que nossos aspectos sombrios exercem sobre nossa personalidade consciente. Os exemplos são muitos, desde os clássicos O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, O Estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hide, de Robert Louis Stevenson, e William Wilson, de Edgar Allan Poe, passando por O Iluminado, de Stephen King, e chegando ao filme Fragmentado (este último um exemplo de múltiplos internos), de M. Night Shyamalan.

Em todas essas obras, o lado sombrio escorrega para fora e carrega o indivíduo, mostrando que talvez tenhamos muito menos controle sobre nós mesmos do que gostaríamos de imaginar. É o que Gravelaine chama de “perigosa fascinação sobre a própria transparência” (1985, p.138).

Será que conseguimos olhar para dentro de forma consciente? Ou estamos fascinados por nossa sombra?
Photo by Guilherme Caetano on Unsplash

Nesse sentido, Lilith em Gêmeos destaca um problema de identidade perdida, inacessível ou duplamente ausente. Quem fala por nós? Quem compreende o mundo por nós? O posicionamento pode, portanto, amplificar as “dinâmicas do cúmplice”, quando precisamos de alguém ou algo externo para justificar nossas motivações internas que são difíceis de admitir.

Poder de Comunicação

Um aspecto interessante para quem tem Lilith em Gêmeos pode ser a dificuldade de estabelecer uma comunicação efetiva consigo mesmo, pois o outro interno parece nunca responder. Essa presença-ausência pode significar uma separação que talvez seja difícil de conciliar, como se a pessoa tivesse dois lados igualmente intensos e fortes, porém incompatíveis.

Por outro lado, Gravelaine destaca esse “duplo discurso e discurso do duplo” podem trazer um grande poder para usar as palavras e os silêncios. É como se a pessoa percebesse o poder de vida e de morte embutidos na comunicação verbal. Ou a nossa capacidade de criar e de destruir por meio das palavras.

Assim, a pessoa com Lilith em Gêmeos pode ser irônica, calorosa com as palavras, pode ser uma ótima oradora e uma grande contadora de histórias, exibindo grande capacidade de diálogo e de aprendizagem por meio da comunicação. Por outro lado, pode ser quem emudece o outro com palavras, quem ataca e destrói verbalmente, pois sabe que inteligência é melhor arma que a força.

Como estamos usando nossas habilidades comunicativas?
Photo by Clem Onojeghuo on Unsplash

A capacidade de dizer o que deve ser dito e não o que gostaria de dizer pode ser tanto uma habilidade quanto um defeito. É provável que a mãe falasse demais ou fosse inconveniente ao falar com a criança. Essa situação na primeira infância pode levar um problema de mudez ou excessiva timidez na adolescência.

Curiosidade e diversão

É provável que o indivíduo com esse posicionamento seja extremamente divertido, com um raro senso de humor e tenha uma vida com abundância de acontecimentos. Isso se deve a uma avidez insaciável por conhecimento e informação, uma extrema curiosidade e uma mente livre.

Como ressalta Delphine Jay (2010), quem tem Lilith em Gêmeos nunca parece estar entediado, tamanho é o seu poder de abstração e observação, de pensamento lógico e racional, de objetividade sobre o que observa.

Essa grande capacidade imaginativa, lógica e mental faz com que a pessoa dificilmente se deixe influenciar pelos outros, porque percebe como seu direito pessoal inalienável a liberdade de pensamento. Pode contestar fortemente as opiniões alheias, especialmente se sentir que seus posicionamentos ou ideias foram criticados.

Estamos realmente prestando atenção naquilo que escutamos?
Photo by Alireza Attari on Unsplash

Essa capacidade de se desconectar emocionalmente de situações pode fazer com que seja percebida como fria e distante. Geralmente aparenta ser uma ouvinte atenta apenas para não parecer rude, mas pode perder totalmente o interesse naquilo que está sendo dito, uma vez que está sempre procurando coisas mais interessantes sobre as quais pensar.

Rejeição intelectual

Por haver um excesso de informação recebida, pode descobrir facilmente tudo o que está oculto. A capacidade criativa e de lidar com grande quantidade de dados faz com que nunca fale a mesma coisa duas vezes. Essas habilidades podem ser úteis para uma atividade política ou como jornalista investigativa.

Chargista, humorista, escritora ou compositora são outras possibilidades vocacionais, assim como a música em geral, a cirurgia, a massagem, técnicas curativas ou artesanato, devido à grande habilidade manual e sensibilidade das mãos.

A sombra deste posicionamento está na aceitação, pois sente medo da rejeição a suas ideias e tende a se comparar com as pessoas em volta. Rejeitando aqueles que considera egoístas, faz muitas coisas para agradar aos outros, por conta da sua necessidade de estabelecer relacionamentos.  

Boa comunicação, inteligência e admiração pelas diferenças são recursos de sedução que serão utilizados para a expressão sexual por Lilith em Gêmeos. Para exercitar essas capacidades, contudo, talvez seja preciso deixar de lado a necessidade de agradar aos demais e reconhecer seus próprios talentos e possibilidades.

Cláudia Lisboa lembra que, quando se sente abandonada, Lilith em Gêmeos tende a atacar a inteligência do outro, causando danos profundos à comunicação no relacionamento. Assim, as críticas e palavras podem ser cruéis e destrutivas. Mentiras, desentendimentos e competição intelectual podem levar ao fim das relações.

A insubordinação de Lilith em Gêmeos vem à tona sempre que a pessoa sentir sua inteligência ser desprestigiada. Ela não suporta ser dominada intelectualmente, ter suas opiniões menosprezadas e ser tratada com superficialidade. As opiniões devem ser discutidas sem disputa, caso contrário, ela se exila em sua própria mente, deixando o outro conversar sozinho. Respeitadas suas ideias e o seu jeito feminino de raciocinar, ou seja, com intuição e sensibilidade, a inteligência de Gêmeos se coloca à disposição da construção de um relacionamento de trocas e de desenvolvimento intelectual e cultural de ambos. (LISBOA, 2013, p.587).

Diálogo com os divergentes

No mapa de seu ingresso em Gêmeos calculado para Brasília, Lilith aparece na Casa XI, a casa do Legislativo e dos representantes da população, dos projetos de mudança e dos benfeitores coletivos. Nesse sentido, é provável que os próximos meses demandem uma grande habilidade de diálogo dos atores políticos, especialmente de diferentes campos ideológicos, para superar dificuldades.

De um ponto de vista individual, podemos nos envolver com mais intensidade em atividades coletivas, de grupos e com movimentos sociais. Conversar, levar em conta diferentes perspectivas e opiniões pode facilitar esses relacionamentos e o estabelecimento de redes de cooperação. Caso contrário, estaremos apenas colaborando para mais conflitos e polarização entre diferentes segmentos.

Pode haver algum grau de rompimento com os valores coletivos, questionamentos à autoridade estabelecida, algum nível de transgressão civil e desafio às velhas formas de fazer política. Fidelidade às próprias convicções pode ser algo esperado dos atores políticos, ainda que o período aponte para instabilidade e um certo nível de desconforto nas atividades coletivas.

Individualmente, podemos nos sentir sufocados pela energia do grupo, ou podemos ser obrigados a nos adaptar às demandas coletivas. Será um período em que precisaremos exercitar a comunicação de forma sistemática e encontrar formas de aprendizagem mais eficientes. Equilíbrio entre as opiniões alheias e as nossas próprias convicções será um ponto essencial.

Comunicação com a população será um ponto importante na cena pública, uma vez que Mercúrio está em Câncer junto ao Ascendente e em trígono com a Lua, que representa o povo, em Escorpião na Casa IV. Nesse sentido, atenção às demandas das populações tradicionais, e uma compreensão da herança coletiva do país podem auxiliar nas tarefas de liderança.

Individualismo X Sociabilidade

É interessante perceber que a oposição exata entre Sol em Câncer na Casa I e Plutão em Capricórnio na Casa VII podem indicar dificuldades com os demais países e nas relações internacionais, até mesmo um desafio externo aos governantes. Pode haver ainda restrições nos investimentos internacionais, limitações comerciais e reestruturação de acordos e negociações (Saturno na Casa VIII).

Em nível individual, podemos nos sentir carentes da atenção externa e pressionados pelas demandas dos outros, especialmente nas parcerias. Talvez nossos parceiros cobrem mais intensidade ou disposição de nós, e isso pode conflitar com nossas necessidades emocionais. Comunicar essas necessidades internas e respeitar os desejos do outro, apostando no diálogo respeitoso, pode ser o melhor modo de atravessar o período.

Conversar e entrar em acordo com o outro pode ser a melhor estratégia para o período.
Photo by Juri Gianfrancesco on Unsplash

A quadratura de Lilith com Júpiter em Peixes indica que a percepção dos excessos cometidos até aqui e das possibilidades de crescimento pode ser ampliada. Ao mesmo tempo, as soluções individuais e independentes podem ser enfatizadas, em detrimento das opções coletivas. Talvez seja o momento de desenvolver uma visão mais compassiva, sensível e empática da vida.

Pode haver uma rejeição ao sistema judicial, uma perda da confiança e da fé em organizações diversas, desde universidades, tribunais e até mesmo religiões. Os líderes dessas instituições também podem sofrer vários questionamentos públicos e sua legitimidade dependerá das relações que eles conseguirem estabelecer com a sociedade civil organizada.

Se conseguirem criar um diálogo produtivo com a sociedade, é possível que soluções inovadoras sejam desenvolvidas para as questões relativas à justiça e à lei. Perceber e ajustar as demandas externas com as reais necessidades e desejos da população podem ser a chave para conseguir liderar no período. Especialmente se houver sensibilidade e capacidade de cuidado com as demandas públicas.

A presença de Vênus e Marte em Leão na Casa II indicam que a lealdade a nossos próprios valores e desejos é importante no processo. Porém, será necessário um ajuste entre as nossas necessidades internas e as expectativas dos outros, inclusive coletivas, sobre nossas atitudes. Generosidade também é uma característica importante de Leão que não deve ser desconsiderada.

Encontrar o ponto de equilíbrio entre as demandas internas e externas é o objetivo, sem ignorar a si mesmo no processo.
Photo by Andre Mouton on Unsplash

Se conseguirmos encontrar esse ponto de equilíbrio, talvez consigamos trazer mais amor, prazer e satisfação para nossas vidas e para as vidas de quem nos rodeia.

Referências

GRAVELAINE, J. Le Retour de Lilith. La Lune Noire. Paris: L’Espace Bleu, 1985.

GUTTMAN, A.; JOHNSON, K.Astrologia e Mitologia. Seus arquétipos e a linguagem dos símbolos. São Paulo: Madras, 2005. 

JAY, Delphine Gloria. Interpreting Lilith. Tempe/AZ: American Federation of Astrologers, 2010. 2ª Edição.

LISBOA, Cláudia. Os astros sempre nos acompanham. Um manual de Astrologia contemporânea. Rio de Janeiro: Best Seller, 2013.

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