O mês de abril terminou ontem, mas deixou como herança a retrogradação de Saturno e Plutão, ambos conjuntos ao Nodo Sul em Capricórnio. Plutão começou a andar para trás no dia 25, depois de ficar estacionado alguns dias no grau 23°, e só retornará ao movimento direto em 3 de outubro. Saturno iniciou seu movimento retrógrado no dia 30, também depois de um breve período estacionado no grau 20°. O senhor do tempo fica novamente direto em 18 de setembro.
Uma nova conjunção exata entre esses dois planetas se realizará em 13 de janeiro do próximo ano. Em fevereiro e março eles estarão acompanhados de perto por Marte e Júpiter, o que promete liberar muita energia, sob variadas formas. Todas, contudo, vão ter como alvo as estruturas que construímos ao longo de nossas vidas e das diferentes gerações, uma vez que estarão em Capricórnio.

Coisas que julgamos sólidas podem se desfazer no ar, seguindo a sábia sentença de Karl Marx. Afinal, a grande conjunção em Capricórnio contará com o auxílio luxuoso de Urano em Touro, eletrizando exatamente áreas de valores e que têm relação com o conforto e a segurança. As mudanças podem ser surpreendentes – e eventualmente bastante bruscas – para aqueles que não gostam de alterar rotas.
Revisão da vida
Antes de tratarmos dessa grande conjunção de 2020, vamos detalhar os atuais aspectos. Quando um planeta fica retrógrado no céu, significa que está nos dando mais uma chance de olharmos para os assuntos que ele traz à baila, exatamente naquelas áreas da vida por onde ele está passando – e que dependem do Mapa Natal de cada um de nós. Podemos, portanto, rever os temas ativados por ele na nossa Carta Natal e também no céu.

No movimento celeste, nenhum planeta “anda para trás” de forma literal. A retrogradação é uma ilusão de ótica que temos por conta da posição do nosso posto de observação – a Terra – em relação aos demais astros do sistema solar. Isso significa que o seu simbolismo nos afeta por conta da nossa perspectiva muito particular de observadores terráqueos do cosmos.
Em outras palavras, os efeitos da retrogradação sempre dependem do nosso ponto de vista. Revisão, reformulação, reconstrução, reforma são palavras que podem aparecer durante esses períodos. Agora você pode perguntar: esses processos são bons ou ruins? A resposta é, como tudo o mais em Astrologia Psicológica: DEPENDE.
Depende de onde você está na sua caminhada, da forma como estruturou sua personalidade e sua vida, de qual área do mapa eles estão transitando, de quais recursos você tem para lidar com essas energias. Obviamente, ainda que os resultados possam ser ótimos, reformas são dinâmicas trabalhosas, que demandam esforço e aplicação de energia. Então, é melhor não esperar que o processo seja muito fácil, ainda não haja necessidade de temer nenhuma catástrofe.
Bagagem pesada
No céu dos últimos dias, contudo, ainda temos um outro elemento importante. Além da revisão das estruturas materiais e das formas de exercício de poder proposta por Saturno e Plutão, a conjunção de ambos com o Nodo Sul nos remete à revisão da nossa bagagem de vida. Para aqueles que acreditam em reencarnação, isso inclui os assuntos não solucionados nas vidas passadas.
O Nodo Sul simboliza um ponto de expertise, de habilidades que carregamos conosco e que servem como ferramentas para o nosso desenvolvimento rumo à missão proposta pelo Nodo Norte. Precisamos realizar o movimento em direção ao Nodo Norte, que significa o nosso propósito de vida, mas isso não requer o abandono total e completo das aptidões e facilidades trazidas pelo Nodo Sul.

Afinal, não podemos deixar de ser quem somos na caminhada. O que a realização dessa missão exige é o equilíbrio entre aquilo que é cômodo, porque já conhecido e dominado – Nodo Sul – e aquilo que é desafiador, porque novo e ainda não tentado – Nodo Norte.
A demanda, portanto, é abandonar apenas aquela parte da bagagem que se tornou pesada demais para continuar a viagem conosco, conservando o que é essencial para garantir que o nosso movimento seja completo.
Rumo à montanha
A reunião de todos esses elementos em Capricórnio significa que as ambições materiais, a disciplina, a inflexibilidade e a vontade de realizar podem estar impedindo a nossa caminhada. Será que nossa obstinação em alcançar o cume da montanha não está nos impedindo de observar a beleza do caminho que nos leva até lá?
O que estamos sacrificando para alcançar nossos objetivos de realização neste mundo? E mais importante: QUEM estamos deixando para trás? Será que não estamos sacrificando nossos sentimentos e nossas relações em nome de nossas ambições? Será que não estamos abrindo mão da qualidade de vida para alcançar objetivos concretos e firmes?
Será que, em algum momento, não deixamos de ser quem somos em nome de uma adaptação forçada ao mundo, para alcançarmos mais rapidamente o que desejamos dele? Será que não estamos preocupados apenas com o que os outros vão pensar de nós se pararmos por alguns momentos para descansar e beber água? Será que conseguimos curtir a caminhada que estamos realizando e aproveitar as lições que o caminho nos oferece?

Talvez a reflexão proposta por essa conjunção em Capricórnio seja exatamente esta: quando chegarmos ao cume, a montanha ainda estará lá? O caminho terá valido a pena? O horizonte ainda será bonito? Ou, como nas atividades mineradoras, nossa sede por extrair recursos da terra levará ao desmoronamento de tudo aquilo que nos dá suporte e segurança?
Hora de semear
A conjunção do planeta que rege os limites e as estruturas – Saturno – com o astro que simboliza o poder inconsciente de nossos desejos mais ocultos – Plutão – pode ser bastante poderosa para que tomemos consciência dos nossos limites físicos nesse planeta. Até onde podemos ir sem correr perigo? Até onde podemos ir sem atrair consequências catastróficas sobre nós? Até onde podemos usar o nosso poder impunemente?
O movimento de ambos para trás em conjunção com o Nodo Sul nos dá uma nova oportunidade de revisar nossas metas, nossos objetivos e, mais especificamente, a forma como estamos conduzindo a nossa caminhada. Qualquer método é justificável para alcançarmos os fins que almejamos? Ou as estratégias que utilizarmos trarão consequências para os outros e para nós mesmos?

Em outros termos: estamos semeando aquilo que queremos colher? Ótima reflexão para o Dia do Trabalhador, aliás.
Ademais, é uma boa pergunta para ser feita agora, pois quando Saturno e Plutão voltarem a ficar diretos, as plantas começarão a dar seus frutos.
E não adianta querer colher morangos se você plantou apenas laranjas.
2 respostas para “Saturno e Plutão retrógrados conjuntos com Nodo Sul: estamos plantando o que queremos colher?”